Fotos: Jô Folha

Na rua Conde de Porto Alegre, esquina Santa Tecla, um projeto busca aproximação com a comunidade através dos livros. A chamada Biblioteca Popular consiste em uma sala pequena, com as paredes coloridas, em tom de rosa vibrante. Mais de 500 exemplares abarrotam as prateleiras e a decoração fica por conta dos lápis de cor e das ilustrações espalhadas por todos os cantos. Espaço humilde em sua forma, porém com poder da transformação pelo aprendizado.

Ninguém precisa desembolsar um centavo para fazer parte do projeto. É só ir até o local, escolher o livro que lhe desperta interesse, dar algumas informações como nome e endereço e o livro poderá ser levado por uns dias, com a promessa de devolvê-lo. A leitura pode ser feita em casa, na tranquilidade do lar, ou ainda nos intervalos da rotina de cada um, não dando brecha para aquela velha desculpa da falta de tempo. E é assim que a idealizadora do projeto, Régia Nogueira, oportuniza a troca de informações e fortalece o hábito da leitura entre os que não possuem condições de pagar por um exemplar. Régia percebeu através de sua iniciativa uma possibilidade de tornar as obras literárias acessíveis a todos.

A responsável pela Biblioteca Popular é professora estadual aposentada. Oriunda de família humilde, tem a certeza que os livros possibilitaram a abertura de muitas portas em sua vida. Agradecida pelo conhecimento adquirido em cada página lida, em 2011 começou a sonhar com uma ação para que mais pessoas pudessem conhecer o poder das palavras. Foi então que desenvolveu a biblioteca. A família de Régia é proprietária do espaço localizado na rua Conde de Porto Alegre. Uma parte pequena do salão, combinado com os títulos adquiridos para os filhos e as doações dos amigos, oportunizou que, em 2012, o espaço fosse aberto.

Ler para crescer
O projeto trabalha com obras literárias para diversos públicos, do infantil ao adulto, e possui um lema - Ler pra crescer - tema que está relacionado ao principal público frequentador da biblioteca, as crianças. V.M., oito anos, tem mais facilidade com os números. Por isso passou a ser incentivado por familiares a escolher obras literárias para facilitar os estudos na escola. Já M.V., de dez anos, aprecia edições que possuem figuras. Elas mexem com a imaginação do jovem.

Despertar nos pequenos a vontade de ler é uma tarefa árdua, que precisa começar em casa. Como educadora, Régia salienta que este hábito deve iniciar logo cedo, e os pais têm um papel importante. O conto de histórias antes de dormir ou até mesmo como uma brincadeira pode ser o primeiro passo. Assim, os adultos podem mostrar para quem está descobrindo as letras que nas páginas é possível conhecer lugares e personagens. 

Com ajuda da comunidade
Todos os livros e materiais da Biblioteca Popular são adquiridos através de doações. Para se manter funcionando, voluntários ajudam na abertura do local - também é preciso que alguém organize as obras e atenda o público. Tarefa complicada é encontrar gente disponível a esse trabalho, o que gera uma descontinuidade do projeto. Hoje, a biblioteca funciona apenas dois dias na semana, aos domingos das 15h às 17h e às segundas das 15h30min às 17h30min. Régia, junto com seus voluntários, busca por mais pessoas interessadas em participar, quem queira dedicar duas horas por dia na semana, garantindo assim o acesso da comunidade aos livros. A professora relata que existe uma resistência dos moradores das proximidades com a biblioteca. A razão está no medo de que seja cobrado algum valor pela retirada ou perda e também pela falta de horários do projeto ao público. Interessados em ajudar com doações ou como voluntários podem entrar em contato pelo telefone 8409-5655.